­

JANELAS MÍSTICAS

02:40:00

Maciço
Maciço
Maciço

Sou eu
quem bate
em tua porta,
o faminto

Maciço
Maciço
Maciço

Sou eu
que me refaço
em teu seio,
o menino

Maciço
Maciço
Maciço

Sou eu
teu filho
Francisco,
o perdido

Oh maciço!
Se não me podes abrir teus portais,
me permita pelo menos que eu perambule
com meus pequeninos olhos entre tuas janelas enfileiradas,
tuas brechas empoeiradas, penetrando sem pudor
em tuas infinitas venezianas a céu aberto...

Oh seu maciço!
Se não podes me abraçar por um instante
e se compadecer de minha perpétua sentença imaginária,
me permita apenas que eu me encontre sentado ao meu lado,
desnudo e acinzentado em teu batente de cimento morto,
(em transe), transpassado em transeuntes,
trepando feito bicho no cio, abrigado em teus recortes absurdos,
colagens fotográficas, fonográficas e pornográficas.

Oh meu maciço!
Se assim me permitires chamar,
com a licença da santíssima de barro
que do alto guarda teus vales súditos,
eruditos, (pingentes unidos em cidades),
permita que eu me reconheça sendo apenas eu,
e eu em segunda pessoa,
essa estranha beleza fluida de um rio obsceno,
indo e vindo sem fim, sem personificação,
sendo teu o que já era meu,
(um ser tão sem veredas),
jeito escrito sem escrúpulo,
e isso tudo de querer ser pessoa
ressoa nas batidas em tuas portas
tantas vezes trancadas.

Maciço
Maciço
Maciço

Sou teu faminto
menino perdido
Não mais que isso

You Might Also Like

0 comentários

Subscribe