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A CRONOLOGIA CONFUSA DO TEMPO E A IMOBILIDADE DO SER

14:45:00

O que existe são corpos 
que vagueiam amontoados 
em qualquer lugar
(que não nos cabe mais na existência)

As cenas se perdem e são esquecidas 
são as cinzas do tempo, 
de um tempo no tempo que passou
(quando se acredita em tempo)

Almas são vapores e fuligens 
que tentam alocar-se em corpos, 
em coisas, num mundo de alegorias
(Panem et circenses)

Parece que tudo anda em promoção por aqui, 
menos para um coração selvagem,
ou vagabundo, não sei...
(talvez eu até acredite que exista um ou mais)

O arraial que grita aqui dentro é um arrebol
da cor da loucura, e não tem mais cura que chegue!
enquanto engulo fumaça o câncer germina incomodando 
(desenfreado como os números de carros e celulares)

Um bando de animais sedentos gritando por socorro
atravessado no outro, avesso de um objeto estranho 
na insuportável imagem de si mesmo, sem validade
(inúmeros processos solitários e cronológicos)

O tempo nos extinguirá, como tudo no mundo,
o tempo é violento, tudo destrói, matando eu e você 
e eu sei, meu grito não irá curar a dor de ninguém 
(são caminhos que existem apenas para si mesmo)

Não quero imaginar um mundo sem a loucura
um mundo de lógicas ilógicas, sem sonhos e sons 
sem faca amolada e o corte cego das palavras
(quero o perdão e o amor como o sal da terra)

Não quero mais um lugar vazio, inabitável, árido e sombrio, 
onde o ódio habita sem a chance do perdão, 
lugar onde a alma humana estaria em completa erosão, 
(centenas de mortos e sangue derramados na palma da mão de deus)

Quero fincar no chão o estandarte da loucura, decretando paz
não quero mais ver corpos mutilados, massacrados pela barbárie 
dos sem pecados, dos sem amor, dos perfeitos feitores da razão 
(quero que desafine o coro dos contentes nesse grande museu imaginário)

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