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ACOSTAMENTOS, AEROPLANOS E GUETOS

14:28:00

acabou de calar 
na clara lâmpada da noite,
a boca partida, - calejada, 
acabando o que restou no garfo.

calou-se o calo, a voz que pariu
pela madrugada sumiu sem endereço,
me derramando sem desperdício,
- sobre os ladrilhos de barro fiquei. 

a boca se foi, enterrou meu tom
sem vinda e sem volta, - sem paradeiro,
dobrado na última esquina de um beco, 
-agora o enredo sonoro se perdeu de vez

com a cor invisível do ar
condensada num jardim 
de mata seca, 
sufocada pelo capim limão 
que recortei da capa da revista,
dessas últimas páginas coloridas
tudo se desgasta, e finda
na fuligem dessa cidade 

esmerilhada esmeralda das torres
acostamentos, aeroplanos e guetos, 
são guerras de futuros deuses, -sem amor. 
invenção dos homens, e homens são seres 
deuses, que desistem sempre de ser.

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