ALUARDES ESCATOLÓGICOS - A MÁQUINA LIMBUS
09:24:00A nova sociedade criada regerá esse novo mundo, apresentada como “A MÁQUINA LIMBUS” tendo como missão operacional exterminar de seu sistema a subespécie conhecida por Homo Sapiens Sapiens (HSS), pertencente a cadeia de parasitas macrobióticos.
A pulsão autodestrutiva designa o que é real nesse novo implante substancial.
Utilizando um método infeccioso, um novo vírus se disseminará e será conhecida como PSYCHIC DESVARIARE.
Transmitido por meio do toque, o vírus neutraliza e destrói a obra psíquica do sujeito, arquivos da existência singular, vivenciadas nas experiências do passado e do presente.
Inicialmente o indivíduo infectado passará por processos de falhas de memória, e este será compensado por uma overdose de libido no Sistema Nervoso Central (SNC), aumentando o apetite sexual, causando uma vontade incontrolável de tocar o outro, de forma que os processos dinâmicos consistirão em energias variantes que trafegam na corrente sanguínea e se instalam no córtex cerebral, multiplicando-se e colonizando todas as regiões cerebrais.
Após chegar ao ponto programado, o vírus se transformará em uma espécie de molusco, abraçando toda a estrutura fisiológica do cérebro com seus tentáculos sufocando-a. As ventosas desse suposto molusco têm a função sanguessuga de absorver todas as informações contidas nas memórias, restando apenas um lugar vazio, escuro e sem lembranças.
A doença evolui em um espaço curto de tempo, disseminando por todo o corpo em poucas semanas, levando o sujeito a parasitar sem lembranças, vagando pela via-férrea da existência.
O infectado aparentemente tem a sensação de viver em um mundo feliz – o paraíso, acompanhado de sensações interruptas de liberdade, sofrendo uma vontade compulsiva de abraçar os outros seres, por estar em êxtase, e por sua vez esse desejo e vontade será crescente em cada estágio da doença – uma catarse hormonal.
Enquanto isso as elucubrações dos não infectados viram notícias dos jornais de todos os dias. O que estaremos a ler são bulas, contendo pelo menos cento e quarenta páginas de novas fórmulas, métodos e medicamentos.
Viveremos em um mundo caótico, repleto de pessoas vagando pelas ruas, cadáveres debruçados nos jardins, nas ruas e avenidas. Pessoas suicidas se atirando das janelas dos prédios e apartamentos, outros dependurados em monumentos fálicos – históricos. Milhares de humanos despidos vagando pelas ruas em direção ao mar, selvagerias de línguas, bocas, pele, corpo e membros expostos… um prazer coletivo toma conta da sociedade.
Alguns serão encontrados mortos, pela fome e sede, trancafiados em criptas, grutas e oratórios, agarrados a uma cruz ou santos de barro, suplicando por um milagre, esperando um milagreiro.
Entre infectados emotivos, caçadores de prazer e os não infectados em busca por isolamento – sem contato com os outros seres, as máquinas são as únicas imunes que trafegam pelos espaços inóspitos. Um mundo onde as máquinas se tornarão a lei, donos do mundo nessa nova era.
Novos tipos de armamentos auxiliam em defesa dos sobreviventes imunes, porém trabalharão para a nova ordem instaurada pela sociedade das máquinas. A missão é dizimar os seres infectados que se aproximam da base MK-3041, criada para os refugiados – escravos a serviço da ordem e da lei.
Sei que logo vou ficar perdido dentro desse buraco negro onde estou prestes a sucumbir, expurgando todas as lembranças, talvez tudo isso seja apenas um sonho ruim, uma distopia dos meus pensamentos vagos.
Já me sinto doente, com medo da morte, longos dias de insônia me perturbam os pensamentos, delirando imagens de um corredor imenso e escadas que vão sumindo, acompanhados de pessoas estranhas, nas quais nunca vi. Inúmeros transeuntes onde jamais nos encontraríamos ao mesmo tempo nos lugares por onde andei.
Construir realidades alternativas talvez me lançasse a uma rota alternativa, ou à lugares desconhecidos, quem sabe alguém me encontre para um experimento novo, implantando em meu cérebro um microchip gravando assim novas realidades – experiências contínuas, possibilitando assim ser eu um criador e a própria criatura num só corpo, me condicionando ao experimento variado de vivências em diferentes épocas do tempo, enquanto imagino o súbito vírus corroer o que supostamente construí como única realidade nesse mundo, preservando assim no microchip novas projeções reais até que eu seja exterminado enquanto caio nesse buraco negro de esquecimento.
Lançar-me-ei nessa linha tênue a partir de agora.
Apenas me deseje uma boa viagem sonho real.
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