A ANTÍTESE MONOCROMÁTICA
07:53:00A bruma sem tédio, o tempo preguiçosamente ventila enquanto meu corpo histérico repousa num abrolho avisando nublar... e nublei, acinzentei, mofei na roupa desfiada para enfim desafogar a alma das incontáveis fantasias brincantes, quiçá delirantes, devaneios modelo – obras imaginativas.
Ao expectador que me observa entre as vaias dos descontentes e gritos eufóricos da tragédia exposta no palco, a fala inconsistente da parte adoecida da plateia subitamente marginaliza o espetáculo do toque ao corpo – o toque que reconhece o outro como sendo um ser tão singular que necessita do afeto que deveras fora deslocado. Esse por sua vez afetado, não encontra um ponto seguro entre a comédia e a tragédia, se mantém distante de mim – o selvagem, e displicentemente da fantasia do outro – tão selvagem quanto.
Nesse processo de distanciamento da arte sólida, a pele não parece ser mais uma obra palpável, e amaldiçoada será aquele que carrega a marca de ser o ser que afeta contaminado pela doença vagará com a própria culpa de ser o que é.
Da vinda partida, um retrato estragado, dissolvido em um desejo de desistir apenas, talvez encontrasse perdido um nome, renascido num livro aberto, esquecido na janela que emoldura a fantasia, à espera do descuido da saudade, desembocado nesse mar que molha a ponta do corsário de linho e que me traz um certo sorriso em branco e preto.
É de longe, do canto que cantas, o eco vem dos montes, a dor lírica da lembrança antiga faz do rio a cama para deitar e de tão pálido e turvo meu sonho se repete em imagens recortadas, esbravejada no mais alto dos mirantes – altaneiros da vaidade.
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