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TEUS OLHOS (ALÉM DE NÓS)

10:49:00

A sombra, a luz, teus olhos...
Um pêndulo pendurado na orelha, teus sinais.
Mapa do lado oposto que não se vê, e eu me vi assim.
Meus olhos não se cansam, teu olhar me invade.
Tua boca, a luz dos olhos teus, esconderijo do outro lado da face.
A hora vagueia, despe a alma, me devora.
Distante dos teus olhos, sem contar estrelas me perco.
Correnteza em que o sol rompe o silêncio, a pausa, o ar.
Eu sou o sol do desejo buscando a sombra da lua, nua, tão tua.
Nosso eclipse, a aurora, só assim nos reconhecemos em meio à multidão.
Entre sonhos, tantos desencontros, no ato em cena da incerteza ao improviso.
O que não ficou dito, o que não se calou, sem registro, circunscrito em nós.
O descompasso, o temor, a solidão, na ausência de acordar na mesma cama.
O preço, a dívida, o simbolismo, tanta alegoria e retornos remotos, tão a miúde.
Os espelhos, um mosaico de reflexos e a música que acabamos de cantar.
És a representação dessa arte morta que permanece tão viva dentro de mim.
A mergulhadora pintada de elegância e um olhar perdido, tal como és.
Um adorno repousado no móvel da cama que me faz companhia.
No fundo do mar o encontro é agora o único lugar seguro para nós.
O tempo é curto na imersão dos corpos, na imensidão das emoções.
E despertar é a hora certa de voltar a superfície para respirar.
Os anos hão de passar, o metal e as coisas se desgastarão, envelheceremos.
Nossos filhos, a sabedoria e o amado talvez nunca saberão, além de nós...

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