DÉLICATESSE (UM TOM LILÁS)
16:58:00
Fico assim, tão teu, um amuleto fotografado por teu olhar.
As vezes borrado, esquecido, lacrimejado, mas ainda aqui…
Assim deitada tu me olhas num anglo avesso, bem do nosso jeito.
A gente se olha, o silêncio se quebra, é o som da nossa canção.
Sorrisos e lágrimas da lembrança guardada, trancada dentro do teu quarto.
Acima da tua cabeça, pendurado na parede, te vejo, te olho e te amo mais.
O teu silêncio sussurra, nossos corpos se entrelaçam em memórias de outrora.
A semana que teima na dúvida, na escolha do quadro, retratos de nossa lembrança.
Tanta délicatesse, tempestade, ventanias, um rio de águas turvas, minha Amélie.
Tem sete notas, cor e sons, um tom lilás, teus dedos, e a tua voz tão tímida que canta baixinho.
Meus olhos em teus lábios, entre teus dentes, um sorriso escancarado, olhar de meio dia, reluz.
Me faço presente sem ser revelado, me perco no preto e branco da fotografia publicada.
A voz perdida não encontra mais a tua, o bosque sem o eco de nosso “caetanear” pra ficar tudo joia rara.
Como não fotografar e revelar o que se fez? Retrocesso cinematográfico, um cinema mudo de nossa linguagem.
Canta mais uma vez, quebra o silêncio da madrugada, aquele canto que a gente canta depois da janta.
Enquanto conto estrelas tu és invadida por uma manada de elefantes.
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