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RECEPTÁCULO PRISMÁTICO - BENJOIM GRANADO

11:46:00

Lugar imerso, imensidão submersa em mim,
de ti sobrou um rastro arrastado sem voz.

Escancaro o quebra-vento da tua boca boa de beijar,
meu riso emendado ao rio dessa mulher - dramaturgia.

Veloz, me arrastei até aqui, onde me encaixo e observo o gris,
agarrado a essa tua pele caiada, suada de cosméticos ilegítimos.

Doces bocas, roupas rudes - nudes soul, sou parte desse tecido,
aromatizante, benjoim granado, girassol aberto ao sol exposto.

Estorvada, talvez orvalhada em si, sonoridade abrupta aplaudida,
carmim substancial, substantivo invisível, caramujo disperso.

Imensos tentáculos me alcançaram as costas - espadas do amanhã,
cravadas profundamente no vazio, a mágoa não se faz necessária.

Do alto se revela o salto calmo da imortalidade, obstáculos transponíveis,
no oco do peito profundo, um balneário mamário em deleite do leite líquido.

Casamata, alma morta arrancada devagar do mar, rede que leva meu corpo,
pauperizada de recalque, carecendo de luz e lucidez, nesse ar raro efeito.

Garimpo nessa estranha esperança de todo dia, a beleza se vê num prisma,
barravento já se cobriu de mar, catando vento quente sobre os campos da saudade.

Controversa, conversas ao vento circulador de ar nos poros do rosto,
abrigo tua tatuagem riscada de nanquim em minha boca escaldada sem casca.

Na muralha calma acalmada da onda que bate no batente dos pés,
atenuo meu verso vil, anil desse mundo que é a tua cara de careta feita.

Solitário outorgado, desprezo meu destino ruralista nesse teu olhar fechado pra mim,
de pala e aquecido, reativo no tempo irresistível que disfarço na face pelas rugas.

Curvas de uma rua estreita em que o suor percorre sem destino, sem caminho óbvio,
desses deuses estranhos, indecentes, me acenando com as mãos calejadas.

Eu - paladino, me entranhei num subjacente subterrâneo parnasiano,
em ti me achei um epitáfio pináculo, fora daqui um venerado vernáculo.

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