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REVOLTA

11:39:00

A invenção que toca a vida desde o encanto leva a paz maior, faz do desejo uma canção, como um quebranto, bocejado entre a multidão, tortuosa compreensão, envaidece e engrandece o dueto da alma.
A vida é posta em questão, somente a língua salvará esse amargor, empestado de cupim, relicário barroco, o corpo somatiza seus próprios sintomas devolvendo a loucura de não caber na travessia da fantasia, colagens do mundo, descolagem do outro imaginário, relação intersubjetiva da solidão com o gozo permissivo em redes de associações delirantes, interrogações às ditas verdades analisadas, a terceira intercessão então é tolhida padecendo por falta de análise, resistente as repetições e distante do seu gozo mortífero, a linguagem transborda, ensaia sua própria existência, a arte é transgressora, insuficiente, objetando a negação convencional.
No hemisfério corpóreo semiótico faz-se desconhecido seus novos objetos pulsionais visto que a arte na instancia simbólica é observada como simbiótica na apresentação, culminado na sublimação, esta provoca corrosão no psiquismo sem analise, forjando a relação real com as coisas, descaracterizando os arquétipos, aprimorando a angustia e o medo no campo do imaginário, o dito sem sua morada.
Em preparação para o mergulho ao caos e emergir do mesmo, o sujeito em si é fonte geradora de expectativas inautênticas, resistindo a loucura que é da natureza do homem, do silencio quebrado que há dentro de mim, minha atopia é descrita em fatos inócuos, entre pathos e logos, vacilante em modos expostos, o avesso do imaginário traz a revolta, que aqui se apresenta como voltar a si mesmo, decantar-se, respeitando assim a trilogia temporal.
Dividido entre objetividade e subjetividade, a ambiguidade é reconfigurada a partir do descentramento do eu o qual se desentrelaça do mundo pondo assim dois limites: o estético, na beleza e o estranho, se vendo plural.
A beleza se faz no encontro através da busca pelos outros objetos que enlaçam os nós, os fios, a linha da existência singular e relacional com o outro, falante ou desejante, a análise revela um terceiro que surge na criação obsoleta e este é cinequanon ao tempo.
O estranhamento do eu esgrimado no mesmo corpo retorna a um novo corpo e este performático, embalsa, valsa, gira alegoricamente encenando dentro de si e incorporado no outro, entrelaçados nos campos da ficção e do real, este corpo reage e faz reagir o mundo. Esse corpo é deslocado em fazes de acontecimentos e eventos, no ato, em seus gestos, na construção de seus movimentos diante do mundo e o retorno a si, os objetos são relacionados à suas experiências vividas e não vivenciadas, que trazem consequências indiretas ao próprio espelho.
A desconstrução e reconstrução são artesanalmente manuseadas no ateliê do eu, na presença ou ausência, bem como a construção imaginária do outro transformado pela movimentação de acordo com o tempo de Cronos, Kairós e Aión, manejados através do afeto catalisador para os registros realistas, enigmáticos e imaginários.
O que parece ser aleatório e não linear no discurso, traz uma riqueza alegórica produzindo historias através da máquina dialética, fluindo, contudo a proliferação narrativa causando um efeito retroativo, que por hora surge numa fala enigmática, desconexa e que só irá fazer sentindo nas suturas da liberdade poética, de uma pré-leitura amplificada em analise o qual retoma a cena, descontinua, avança, retoma, recorta e devolve, endereçando ao ateliê do eu para que o mesmo equilibre o movimento que se propõem em densidade e condensação.
O enigma é evocado na construção implicante do outro fundador - siamês, e este pode surgir a qualquer momento trazendo à tona o paradigma da dualidade, atentando assim a topologia, homeostático regulador do prazer, distribuindo outros significantes.
A lacuna, o buraco, a fenda vista diante do reflexo opaco busca o preenchimento fora da solidão, do silencio da ilusão que se perdeu no tempo, o desejo é uma defesa que amanhece mortal, sem trégua, na procura que não tem fim, sem saber o que se busca afinal, fragmentado, o que não pode ser dito, se vê no brilho do espiral pulsional, um sinal trazendo sentindo fora da tragédia medieval, conflituoso do ego com o significante, a ressonância do corpo escrito, poético, o real da linguagem, embora monofônico, ensurdece, reverbera a polifonia dos movimentos, a fala revela para além da dimensão do dizer.  

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