RIBEIRA
19:47:00
Baixas do mar febril
Do outono que não floresce,
mas cresce tudo que reabre no braço turvo do mar
Baixas do mar febril
Que reabre as ribeiras,
dos troncos às soleiras que os pés calçados esqueceram de voltar
Baixas do mar febril
Sustentadas nas carnaubeiras,
fazendo contornos e sombras na beira do rio-mar
Baixas do mar febril
Onde o mangue se entronca na vida,
encontrando clareza na escuridão que o homem plantou
Baixas do mar febril
Onde o ser remanescente hoje faz sua morada,
debaixo das aves que flutuam perenes no ar
Baixas do mar febril
Do lixo que o mar engoliu e vomitou na existência
a lama que banha restos de corpos no mar
Baixas do mar febril
No encontro das águas, onde o desejo se perdeu,
na fantasia de um dia ser tudo aquilo que foi.
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